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Assimetrias de crânio

Desde a campanha “back to sleep” em 1992, toda a comunidade científica passou orientar aos responsáveis a deixar seus bebês dormirem sobre o dorso. Essa atitude reduziu em 40% os casos de morte súbita do berço mas ao mesmo tempo houve um aumento de deformidades de crânio e um enorme prejuízo no desenvolvimento motor de alguns bebês.

Por que acontecem as assimetrias de crânio?

O crânio dos bebês não nasce completamente ossificado, parte dele (da abóboda) é membranoso e parte (a base é cartilaginosa, ou seja, já tem uma forma). A ossificação acontece aos poucos para permitir o crescimento do cérebro em formação. Quando um bebê fica deitado numa posição por muito tempo, esse osso em formação fica “amassado” e se deforma. Às vezes esses “amassamentos” acontecem dentro do útero e só se acentuam fora dele. Isso acontece em exemplos como gestações com pouco líquido amniótico, gestações gemelares, partos muito longos, entre outros.

Como observamos as assimetrias?

Nessa visão observamos a posição assimétrica das orelhas e a relação entre a largura e o comprimento do crânio. Ele pode se mais largo ou mais estreito. Essa forma depende da característica familiar mas, também pode ser causado por situações como prematuridade ou excesso de tempo na postura deitada sobre o dorso.

Nessa visão podemos observar as assimetrias de face e crescimento anormal dos ossos frontais.

E qual o tratamento?

O tratamento deve ser o mais precoce possível. Uma assimetria de crânio pode melhorar espontaneamente dependendo do grau e das comorbidades associadas. Quando um bebê tem assimetria craniana e acompanha uma atitude de desalinhamento de todo corpo, dificilmente vai melhorar sem ajuda. Histórias de partos prolongados, instrumentalizados, gemelares, prematuros e bebês muito grandes também podem aumentar a chance de assimetrias iniciadas ainda dentro do útero configurando um processo crônico. Serão mais difíceis de tratar.
O reposicionamento deve ser iniciado o quanto antes. O bebê deve dormir na posição em ¾ como indicada na figura abaixo, com a maior diagonal apoiada (se houver abaulamento no lado direito, esse deve ser o lado apoiado). Além de reposicionamento deve-se evitar ao máximo cadeiras vibratórias, carrinhos e bebê-conforto ao máximo, o que o bebê precisa para se desenvolver é o chão. Já existem evidência de que o tempo excessivo nesses equipamentos aumenta a chance de assimetrias de crânio.

para aplanamentos à direita

 

Para aplanamentos à esquerda (mais raros)

A osteopatia pode ser um bom aliado ao tratamento das assimetrias e o osteopata deve realizar com frequência as medias do crânio com os cálculos dos índices de assimetria descritos na literatura, o CI (cranial index) e o CVAI (cranial vault assymetry index) ainda que a acurácia dessas medidas não seja a mesma do escaneamento, são boas ferramentas para o consultório. Nos casos de torcicolo congênito normalmente é necessário associar a fisioterapia para neurodesenvolvimento.

Em caso de falha no tratamento conservador e nas assimetrias de moderadas a graves pode ser necessária a indicação do uso de órteses cranianas. No Brasil existem, por hora, duas marcas de órteses cranianas, a feita pela clínica Heads (https://www.clinicaheads.com.br), que possui algumas filiais em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Brasília. A mesma órtese é também oferecida pela AACD em são Paulo por um custo bem menor contudo, devemos incluir na conta as revisões quinzenais de acompanhamento, que precisarão de deslocamento, caso a crianças não more em São Paulo. Ainda nessa cidade existe uma órtese canadense oferecida pela clínica bebê, dirigida pela fisioterapeuta Carolina Matarazzo (https://www.fisioterapiabebe.com.br/ ) que promete ser mais leve e mais aerada. As órteses devem ser usadas 23horas/dia, tem uma adaptação, mas normalmente são bem toleradas pelo bebê. Às vezes, nos casos de torcicolo mais importantes, o peso do equipamento, ainda que pequeno, atrapalha um pouco o trabalho da fisioterapia.

Dicas para os pais

1- Desde recém-nascido coloque seu bebê de barriga para baixo o que chamamos de posição prona ou o famoso “tummy time”. Há várias formas de fazer isso, que abordo em outro texto.

2- Se notar uma “preferência” na postura da cabeça, comece precocemente a estimular o bebê a olhar para os dois lados. Use um alvo impresso de figuras de internet.

3- Varie frequentemente a posição da cabeça do bebê.

4- Varie a posição do berço, do trocador e do berço acoplado e ainda na cama compartilhada.

5- Se o bebê for alimentado por mamadeira, alterne a posição dos braços.

6- Evite ao máximo uso de cadeirinhas e “bebês-conforto” especialmente se houver torcicolo associado.

7- Não espere que a assimetria desapareça espontaneamente. Se com dois meses ele ainda tiver preferências de cabeça e assimetrias, procure ajuda.

8- O uso de travesseiros certificados como o da Mimos ® ajudam no início, depois que o bebê começa a rolar, perdem a utilidade.

9- A touca Tortle pode ser uma aliada na manutenção da postura da cabeça. No Brasil é comercializada no site totbaby.com.br. Peça ao pediatra o diâmetro cefálico para comprar o tamanho correto.

10- Se seu bebê tem muitas assimetrias de face desde o nascimento e com três semanas elas ainda permanecem, procure um osteopata.

 

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